Este espectáculo de marionetas é uma adaptação do conto de Hans Christian Andersen, que é um texto clássico, um conto actual, que nos chega através da memória e da escrita. É uma história que está inserida no PNL / Ler+.
Habitualmente vemos “O Rei vai nu” ou “O fato do Imperador”, como também é conhecida, como uma história de moralidade, que o autor nos quis deixar como um espelho de quarto, onde nos possamos ver ao levantar e ao deitar. Não uma moralidade beata, castradora, mas uma outra, estimulante e sã.
Andersen juntou a luminosidade da voz pura da infância, na desmontagem da(s) aparência(s) ou, uma semente de esperança que fica à espera do tempo justo.
Ao fazermos a dramaturgia do texto, não deixámos de sublinhar este último aspecto (“O Rei vai nu”, diz a criança, e todo o jogo de aparências começa a desabar…), mas inflectimos a leitura tradicional, colocámo-nos noutra perspectiva e, do meio da feira de vaidades, despenalizamos os falsos tecelões. A necessidade aguça o engenho, e os falsos tecelões, com fome – exército de desempregados, ou deslocados, do nosso tempo -, apenas se aproveitam das aparências dominantes, da hipocrisia, e da abundância, mal distribuída, do sistema.