Poeta, romancista, autor de operetas, artista gráfico – tipógrafo e ilustrador – marionetista, crítico e inventor de um movimento filosófico chamado patafísica. Descrito pelos seus contemporâneos como invulgar, excêntrico, selvagem e de brutal imaginação, encarnou ele próprio, na sua identidade e criação, o espírito de vanguarda destemida imerso no seu contexto epocal.O ponto médio da sua carreira coincide com a viragem do século, numa vida que durou apenas 34 anos. Nasceu em Mayenne mas em 1891 já era aluno de Bergson em Paris. Com 21 anos já se destacava nos salões literários, frequentados por ilustres da vida intelectual francesa como o poeta Stéphane Mallarmé.Sempre de bicicleta, que nunca terá chegado a pagar, vestia como uniforme os calções de ciclismo pretos, e roupas presas com ganchos e cordel, usava ocasionalmente sapatos de mulher.Antes de ilustrar o retrato icónico de “Père Ubu” já Alfred Jarry se associava a esse nome, assumindo a persona em público, alterando inclusivamente a sua voz. Consta que usava a primeira pessoa do plural para se referir a si próprio e que fazia o mesmo quando falava como Rei Ubu.Sem interesse pela futilidade que reconhecia nas performances naturalistas, interessava-lhe transformar os elementos do espetáculo em símbolos que expressassem as ideias do artista. Encarava a figura no palco como “abstração andante” ao serviço da visão do criador.“Deus – ou eu próprio – criador de todos os mundos possíveis”. Alfred JarryDestaques: O Rei Ubu foi a sua mais marcante e reconhecida obra, tendo sido a primeira peça de uma saga que acabou por incluir um conjunto de sete dentro do ciclo “Ubu”. Fundou o Collège de Pataphysique, do qual artistas como Max Ernst, Joan Miró, Marcel Duchamp, entre outros, foram ilustres membros e seguidores desta ciência imaginária à qual os Beatles fazem referência na música “Maxwell’s Hammer” (1969). Miró chegou inclusivamente a fazer uma série de litografias para uma edição do Rei Ubu (1966).