de Alfred Jarry
AUTOR: Alfred Jarry
ENCENAÇÃO: Nuno Correia Pinto
CRIAÇÃO: Fio d’Azeite – Marionetas do Chão de Oliva
CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: M/12
ESTREIA: Junho 2009
1ª REPOSIÇÃO: 2015
2ª REPOSIÇÃO: 2021
DISPONÍVEL PARA ITINERÂNCIA
+ Info: 219 233 719 || producao@chaodeoliva.com
Apesar de partir de um texto escrito há mais de cem anos, este espetáculo fala-nos de assuntos que continuam atuais: O jogo para se alcançar o poder; o poder sem limites, a violência, a sobreposição da vontade de um(uns) aos direitos e liberdades do coletivo ou individuais; o mal absoluto, o irreal… Mas fala-nos também da honra, da coragem, da luta persistente por aquilo que vale a pena lutar. Em fim, faz-nos refletir o humano.
Sabendo que a proposta de Rei Ubu que o Alfred Jarry fez é “à frente do seu tempo” e sem ter a pretensão de mostrar essa mesma proposta, quis fazer este espetáculo com a premissa de ser intemporal, mas ao mesmo tempo que espetador possa respirar um pouco o espírito desse tempo. Assim, influenciado pelas traduções portuguesas e com a influência dos movimentos que viram no Rei Ubu fonte de inspiração no princípio do século XX, mesclamos o trágico com o cómico, o sério como o grotesco, como forma, não tanto de apresentar a estória, mas de mostrar o caricato e o grotesco dessa mesma estória.
Este espetáculo mostra-nos um Ubu como uma personagem sinistra, mas ao mesmo tempo cómica, não escondendo as semelhanças com a personalidade do anti-herói Punch, que nos diverte tanto. Por isso espero que o público possa ver este espetáculo com o mesmo espírito que as crianças veem o Mr. Punch, pois o prazer no teatro e o prazer na brincadeira requerem uma autenticidade muitas vezes perdida no quotidiano adulto.
Alfred Jarry (1873-1907)
Poeta, romancista, autor de operetas, artista gráfico – tipógrafo e ilustrador – marionetista, crítico e inventor de um movimento filosófico chamado patafísica. Descrito pelos seus contemporâneos como invulgar, excêntrico, selvagem e de brutal imaginação, encarnou ele próprio, na sua identidade e criação, o espírito de vanguarda destemida imerso no seu contexto epocal.
O ponto médio da sua carreira coincide com a viragem do século, numa vida que durou apenas 34 anos. Nasceu em Mayenne mas em 1891 já era aluno de Bergson em Paris. Com 21 anos já se destacava nos salões literários, frequentados por ilustres da vida intelectual francesa como o poeta Stéphane Mallarmé.
Sempre de bicicleta, que nunca terá chegado a pagar, vestia como uniforme os calções de ciclismo pretos, e roupas presas com ganchos e cordel, usava ocasionalmente sapatos de mulher.
Antes de ilustrar o retrato icónico de “Père Ubu” já Alfred Jarry se associava a esse nome, assumindo a persona em público, alterando inclusivamente a sua voz. Consta que usava a primeira pessoa do plural para se referir a si próprio e que fazia o mesmo quando falava como Rei Ubu.
Sem interesse pela futilidade que reconhecia nas performances naturalistas, interessava-lhe transformar os elementos do espetáculo em símbolos que expressassem as ideias do artista. Encarava a figura no palco como “abstração andante” ao serviço da visão do criador.
“Deus – ou eu próprio – criador de todos os mundos possíveis”. Alfred Jarry
Destaques: O Rei Ubu foi a sua mais marcante e reconhecida obra, tendo sido a primeira peça de uma saga que acabou por incluir um conjunto de sete dentro do ciclo “Ubu”. Fundou o Collège de Pataphysique, do qual artistas como Max Ernst, Joan Miró, Marcel Duchamp, entre outros, foram ilustres membros e seguidores desta ciência imaginária à qual os Beatles fazem referência na música “Maxwell’s Hammer” (1969). Miró chegou inclusivamente a fazer uma série de litografias para uma edição do Rei Ubu (1966).
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