Companhia de Teatro de Sintra apresenta

AS TROIANAS

Texto de hélia correia e jaime rocha
encenação de susana c. gaspar E paulo campos dos REIS

TEXTO: Hélia Correia e Jaime Rocha

ENCENAÇÃO: Susana C. Gaspar e Paulo Campos dos Reis

INTERPRETAÇÃO: André Pardal, Catarina Rôlo Salgueiro, Hugo Sequeira, Ivo Alexandre, Marques d’Arede, Paula Pedregal, Rute Lizardo, Susana Arrais, Susana C. Gaspar\

CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: M/14

DURAÇÃO APROX.: 80 min.

ESTREIA: 4 DE JULHO DE 2024

LOCAL: Quinta da Regaleira, Sintra

agenda

Julho 2024 a agosto 2024, Quinta da Regaleira, Sintra

Sessões de quinta a sábado às 21.30h entre 4 de julho e 10 de agosto

Espetáculo acessível com legendagem em português e inglês e com acesso a pessoas com mobilidade reduzida

13€ / público em geral, desconto de 10% para residentes no município de Sintra nas bilheteiras físicas

Adquira os seus bilhetes em regaleira.byblueticket.pt, nos pontos de venda blueticket ou nas bilheteiras da Quinta da Regaleira

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Fotografia de João Vasco

Sinopse

Arrasada Troia, mortos os homens, procede-se à distribuição dos “troféus” – as mulheres da Casa de Príamo – entre os triunfantes chefes gregos. O fundo clássico da tragédia é ligeiramente alterado quer pelos conflitos entre os vencedores, quer por versões inesperadas do destino das mulheres, quer pela presença dos lobos que não entendem os motivos belicistas dos humanos.

O Espetáculo

As Troianas” é um texto que revive referências da tragédia grega, através de personagens incontornáveis do teatro clássico e de obras épicas como “Ilíada” ou “Odisseia”. É uma peça que toca nos lugares de resistência das mulheres (troianas) na guerra e que ressoam diretamente com as guerras a que assistimos em pleno século XXI.

Trata-se, com efeito, de uma teia dramática intemporal, que começa por ter implicações éticas, que são herdeiras, antes de mais, dos antigos códigos que norteavam o comportamento dos heróis homéricos (…) Mas para além da aura resplandecente que acompanha os vários heróis gregos e troianos, (…) o grande conflito expunha também a situação de todos quantos nele se viram envolvidos, de forma indireta e involuntária, e dele viriam a sofrer as consequências mais duras, em particular ao serem devorados pelo caudal da desgraça coletiva: anciãos, mulheres, crianças inocentes. – Delfim Leão, Nota Introdutória do Texto Original

Esta é a primeira vez que a obra de Hélia Correia e Jaime Rocha é encenada, numa estreia absoluta pela Companhia de Teatro de Sintra – Chão de Oliva.

CONTEXTUALIZAÇÃO

No ano de 2024, o Chão de Oliva dedica-se ao ciclo “geografia da resistência”, dentro de uma visão alargada de quatro geografias, que estão alicerçadas em quatro temáticas intimamente relacionadas com preocupações com os direitos humanos, cidadania ativa e alterações climáticas. O ano de 2024 exerce um peso maior na reflexão sobre o conceito de “resistência” por ser também o ano que celebra os 50 anos da resistência em Portugal que, finalmente, colocou fim a uma longa ditadura, exercendo a proteção de valores como a paz, democracia e liberdade.

A guerra não é um território masculino. É um território com impactos diretos na vivência de todos os seres humanos. Afeta todas as gerações, com impactos profundos na economia, cultura, educação, saúde, em profundo atropelo aos direitos humanos, dos países ou regiões afetadas pelos conflitos. As mulheres são um dos grupos mais vulneráveis em contexto de conflitos. A posse de mulheres como símbolo do sucesso masculino na guerra troiana ainda encontra ecos nos dias de hoje.

Lembremo-nos das mulheres Yazidi, uma minoria no Iraque, raptadas pelo grupo terrorista ISIS em 2014, vendidas como escravas e que foram sujeitas a todo o tipo de abusos. Também no Sudão do Sul, as mulheres são sistematicamente usadas como “espólios de guerra”. A Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas já reconheceu a urgência de uma “tolerância zero” contra abusos e violações de mulheres, em particular nos contextos de conflitos armados.

“As Troianas de novo trazidas à vida por Hélia Correia e Jaime Rocha não são uma adaptação, uma releitura, nem uma visão paródica. São um confronto desafectado e corajoso com o legado clássico sem camuflagens, nemdeslumbramentos”.

o texto

Neste texto, escrito a duas mãos, as falas femininas ficaram a cargo de Hélia Correia e Jaime Rocha foi responsável pelas deixas das personagens masculinas, numa parceria literária que enriqueceu, em muito, toda a obra. “As Troianas“, ao contrário do que se possa pensar, não é um revisitar do famoso texto de Eurípedes, nem tão pouco um seguimento a obra de Séneca, mas traz uma visão e interpretação da história próprias, com reflexões contemporâneas. Tem personagens comuns aos textos clássicos, mas também um “coro de lobos” exclusivo dos autores.

Os diálogos entre os “heróis” (Agamemnon, Pirro, Ulisses, Menelau e até mesmo o morto Aquiles) estão relacionados com disputas, rivalidade e vaidade. A presença no texto desse discurso “fútil”, oferece uma nova perceção sobre estas personagens clássicas, numa desconstrução da figura de herói que se converte, afinal, em assassino. É, por isso, um texto que abre caminho para reflexões sobre dinâmicas de poder e demonstra a futilidade da própria guerra.

Enquanto texto que dá voz às personagens femininas e às suas próprias vivências da guerra de Tróia, é um de uma elevada importância dramatúrgica, por quebrar silêncios e representações associadas ao teatro clássico. Na senda desta abordagem dramatúrgica que procura correlações diretas com os dias que vivemos hoje, reforça-se a relevância deste trabalho artístico.

Estas revividas Troianas são um drama notável, que brilha com luz própria e desenha em cuidada filigrana verbal a complexidade imensa da Hélade — não uma apenas, mas ‘tantas Grécias quantos os leitores’. – Delfim Leão, Nota Introdutória do texto

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Fotografia de João Vasco. Catarina Rôlo Salgueiro (em Políxena) e Hugo Sequeira (em Pirro).

a QUINTA DA REGALEIRA

A oferta cultural em cruzamento com a fruição de património cultural e natural de Sintra é um dos aspetos mais diferenciadores da atividade cultural deste concelho face ao panorama nacional. Poucos lugares apresentam as particularidades de Sintra, como pólo de criação cultural e como pólo de fruição também patrimonial.

A apresentação desta criação na Quinta da Regaleira contribui para promover a fruição do património cultural e natural de Sintra, como espaço eminentemente cenográfico, de grande valor não só histórico, como estético. Nomeadamente, pela influência da cultura clássica na sua arquitectura.

ENCENAÇÃO

Aqueles tragediógrafos gregos de antanho continuamente nos enredam nos seus jogos genealógicos, mais truculentos do que lúdicos, desafiando-nos para o confronto agónico com os limites da experiência do humano. Como se, de lá até ao nosso tempo, não houvesse mais que dizer; um imenso deserto em degradé que tende – com o alarmante esbatimento do valor da palavra escrita – a desembocar num anti-oásis, seco, sem esperança. Jaime Rocha e Hélia Correia, a contrapelo, alunos exemplares da cátedra rara dos tragediógrafos contemporâneos, ávidos bebedores da fonte primacial, reconciliam-nos com aqueles jogos, limites e viridentes oásis. Estas Troianas que reescreveram a partir da matriz euripidiana, faz jus à grande dramaturgia universal que sabe, de boa e refrescante memória, prolongar e potenciar a tradição. Descobrimos, aqui, no recorte das figuras femininas em particular, a lição dos mestres: como não desvirtuar os clássicos com actualizações espúrias. As Troianas são, de facto, aquele desafortunado arquétipo de mulheres vítimas de conflitos militares, reduzidas inapelavelmente, a prémios partilháveis; mas são, também, para o Jaime e a Hélia do nosso belicoso e político princípio de milénio, possuidoras de indomável resistência, capazes de, nalguns casos paroxísticos, sacrificarem fatalmente a sua integridade física. Através da reescrita de Andrómaca, talvez o exemplo mais eloquente de uma reescrita fiel à matriz, dilatam, os nossos dramaturgos, de um modo muitíssimo pertinente e sensível, a letra dos seus antecessores.Privilégio, portanto, alcandorarmo-nos aos ombros destes gigantes, com os quais partilhámos o trabalho de dramaturgia, sempre tão curta para tanta pergunta e inquietação.

Paulo Campos dos Reis

EQUIPA artística

Os Autores

Hélia Correia e Jaime Rocha são dois autores premiados, com residência em Sintra, com proximidade à linguagem teatral, sendo ambos autores de textos de teatro. Para esta criação, contou-se também com a colaboração de Jaime Rocha para a Dramaturgia.

A Encenação

Susana C. Gaspar e Paulo Campos dos Reis, também numa parceria de criação, com olhar feminino e olhar masculino, são duas pessoas que já trabalharam juntas, também a partir de diferentes lugares de criação. A experiência dramaturgica de Paulo Campos dos Reis com textos clássicos, aliada à experiência de criação da Companhia de Teatro de Sintra e pertinência do seu atual projeto artístico traduziu-se numa parceria incontornável.

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O Elenco

O elenco de “As Troianas” inclui intérpretes de reconhecimento nacional e internacional, entre artistas sintrenses e outros artistas convidados. São eles:

André Pardal Taltíbio
Catarina Rôlo Salgueiro – Políxena
Hugo Sequeira – Pirro e Menelau
Ivo Alexandre – Agamemnón
Marques d’Arede – Ulisses
Paula Pedregal – Hécuba
Rute Lizardo – Andrómaca
Susana Arrais – Cassandra
Susana C. Gaspar – Corifeu, Fantasma de Aquiles e Helena

Todos os intérpretes participam nas cenas de coro

Cenografia e SonoplaSTIA

Os ambientes físicos e sonoros do espetáculo “As Troianas” ficaram a cargo de, respetivamente, Paula Hespanha, artista plástica e cenógrafa, e Nuno Cintrão, músico e compositor.

a companhia de teatro de Sintra

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Companhia residente do Chão de Oliva – Centro de Difusão Cultural, a Companhia de Teatro de Sintra (CTS) foi a primeira estrutura profissional de teatro a ser criada em Sintra, em 1990, mantendo, desde então, uma atividade contínua de criação.

O crescente reconhecimento do trabalho desta Companhia reflete-se em convites para a participar em festivais e colaborar em coproduções com várias companhias e estruturas portuguesas e estrangeiras, como são o caso, entre outras, de A Comuna – Teatro de Pesquisa, Companhia de Teatro de Almada, Teatro Praga, JGM, Teatro da Garagem, Mala Voadora, Compª Cuarta Pared (Madrid), Teatro Matarille (Santiago de Compostela), Grupo Teatro Por Que Não? (Santa Maria, Brasil), Grupo Lareira Artes (Maputo, Moçambique), CACAU-Fundação Roçamundo (São Tomé e Principe), Fladu Fla (Cabo Verde).

FICHA ARTÍSTICA e TÉCNICA

Criação Companhia de Teatro de Sintra
Autoria Hélia Correia Jaime Rocha
Encenação Susana C. Gaspar Paulo Campos dos Reis
Dramaturgia: Jaime Rocha, Paulo Campos dos Reis e Susana C. Gaspar
Interpretação: André Pardal, Catarina Rôlo Salgueiro, Hugo Sequeira, Ivo Alexandre, Marques d’Arede, Paula Pedregal, Rute Lizardo, Susana Arrais Susana C. Gaspar
Cenografia: Paula Hespanha | Apoio na Execução Cenográfica: José Pedro Noronha
Sonoplastia: Nuno Cintrão 
Assistência geral: Gonçalo Pereira

Produção: Chão de Oliva
Direção de Produção: Nuno Correia Pinto
Produção Executiva: Nisa Eliziário
Secretaria de Direção e Produção: Cristina Costa
Execução e Montagem Cenográfica: Luiz Quaresma e Ton Bonassa
Operação Técnica: Ton Bonassa
Direção de Comunicação: Susana C. Gaspar
Design e Comunicação: Catarina Fontinha
Fotografia: Sérgio Santos
Design Gráfico:  Pedro Velho
Assessoria de Imprensa: The Square
Direção Artística do Chão de Oliva: Nuno Correia Pinto, Paula Pedregal Susana C. Gaspar

Projeto financiado por: República Portuguesa – Cultura / DGArtes
Promotor: Fundação Cultursintra FP
Apoios: Câmara Municipal de Sintra, Culto da Tasca, Dona Estefânea, Apeadeiro, Jornal de Sintra, Correio de Sintra, Antena 2
Agradecimentos: Exército – Regimento de Comandos

PROMOTOR

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