Os fundamentos do Chão de Oliva – Centro de Difusão Cultural em Sintra (CO) foram lançados em 1987, vindos do crescimento do trabalho amador de animação cultural, desenvolvido em meio escolar e associativo, em Sintra. Então, o Teatro da Meia Lua, companhia de teatro amador integrada no CO, desenvolvia os trabalhos de criação, conciliando a sua proposta com a procura por acolher e programar espetáculos de diferentes disciplinas artísticas, dinamizando culturalmente o território, e propondo estéticas variadas. A par deste trabalho, iniciava um projeto educativo e de formação de públicos, direcionado a diversas faixas da população.
Em 1990, dentro da estrutura do Chão de Oliva, foi criada a Companhia de Teatro de Sintra, a primeira companhia profissional de teatro do Município. Poucos anos mais tarde, em 1992, formou-se a segunda companhia profissional residente no CO, o Fio d´Azeite – Grupo de Marionetas. As criações destes dois grupos passaram então a formar o principal eixo de criação artística do CO.
A Companhia de Teatro de Sintra (CTS) foi a primeira estrutura profissional de teatro a ser criada em Sintra, em 1990, mantendo, desde então, uma atividade contínua de criação.
O crescente reconhecimento do trabalho desta Companhia reflete-se em convites para a participar em festivais e colaborar em coproduções com várias companhias e estruturas portuguesas e estrangeiras, como são o caso, entre outras, de A Comuna – Teatro de Pesquisa, Companhia de Teatro de Almada, Teatro Praga, JGM, Teatro da Garagem, Mala Voadora, Compª Cuarta Pared (Madrid), Teatro Matarille (Santiago de Compostela), Grupo Teatro Por Que Não? (Santa Maria, Brasil), Grupo Lareira Artes (Maputo, Moçambique), CACAU-Fundação Roçamundo (São Tomé e Principe), Fladu Fla (Cabo Verde).
Dentro desta perspetiva de cruzamento de experiências artísticas, a CTS optou por não ter um elenco residente, convidando encenadores e atores de acordo com as caraterísticas e objetivos de cada criação. Entre outros, participaram no trabalho da CTS/CO, Maria Germana Tânger, Mário Viegas, António Augusto Barros, Cândido Ferreira, João Grosso, João Mota, Antonino Solmer, Filipe Crawford, João Fiadeiro, Vera Mantero, Francisco Camacho, Joaquim Benite, Jorge Listopad, Carlos Pimenta, Pedro Penim, José Manuel Castanheira, Filipe Faísca, José Fragateiro, António Casimiro, Daniel Worm D´Assumpção, Miguel Sá Fernandes, João Garcia Miguel, Paula Pedregal, Graça P. Corrêa e os artistas plásticos Leonel Moura, Julião Sarmento e Fátima Pinto.
No conjunto de espetáculos criados, trabalharam-se autores como Gil Vicente, Tchekov, Marivaux, Federico Garcia Lorca, Karl Valentim, Camilo Castelo Branco, Dario Fo, Shakespeare, Stig Dagerman, Eduardo Pavlovsky, Maquiavel, Gao Xingjian, Jorge Listopad, João Garcia Miguel, August Strindberg ,H. Ibsen, Jean Cocteau, Maeterlink, Eugene O´Neil, Pirandello, Ana Saragoça, Tennessee Williams; e ainda os portugueses, com textos adaptados, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, Cesário Verde, Bernardo Soares/Fernando Pessoa, Alexandre O´Neill, Nuno Bragança, Maria Gabriela Llansol, Pedro Paixão, e José Saramago.
O Fio D´Azeite foi formado em 1992, como consequência de um trabalho de sensibilização às marionetas e às formas animadas, realizado em 1989 pelo Chão de Oliva, e dirigidos por José Carlos Barros e José Ramalho.
A atividade do Fio d’Azeite é caraterizada pelo domínio das linguagens tradicionais da “arte da marioneta” e procura de novas soluções formais para esta milenar expressão teatral. A nível dos temas, revisitam-se contos intemporais, tanto de tradição oral como escrita, assim como de textos de autores que se revelem como fonte de prazer e cúmplices de inquietação, num trabalho de pesquisa onde a figura, a imagem – enfim, a forma plástica – e os textos protagonizam novos significantes.
Neste percurso, tenta-se não confundir temas a abordar – e que até agora têm privilegiado um imaginário relacionado com a infância, mas com alcance para além dos tempos e das faixas etárias -, com técnicas: a preocupação, nesse âmbito, para além da aprendizagem do saber clássico, incide sobre a pesquisa estética nas preocupações artísticas do nosso tempo. Nesta procura, aposta-se ainda na multidisciplinaridade, valorizando a imagem em movimento, a paridade dos elementos visuais, assim como a extensão às outras artes, como o teatro, a música e a dança, numa pesquisa dinâmica e atenta das artes vivas contemporâneas.
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