AUTOR: GIL VICENTE
ENCENAÇÃO: JOÃO DE MELLO ALVIM
DATA DE ESTREIA: 17 DE OUTUBRO DE 2001

SOBRE O ESPECTÁCULO

Esta é a segunda vez que abordamos esta farsa de Gil Vicente, que é das primeiras do Mestre. Noutros três espectáculos, abordamos excertos da mesma, colando-os conforme a dramaturgia o requeria. Temos assim que o Auto da India, esteve presente no nosso reportório (de 40 espectáculos), por cinco vezes.

Excessivo? Só à vista desarmada…ou seja, só para quem não conhece o texto.E nós que pensamos conhecer, descobrimos sempre novidades quando o estamos a trabalhar, quando dialogamos com ele. Novidades ao nível da investigação dramatúrgica (“quantas artes quantas manhas”, esconde o texto), novidades também quanto ao jogo teatral :“Jesu tamanha mesura, sou rainha porventura? Mas sois minha emperadora.” Estamos pois no campo privilegiado que tem marcado o nosso trabalho: a investigação dramatúrgica (neste caso dos clássicos) e o jogo teatral.

Nesta nova abordagem India – farsa com actores e marionetas, e para ampliar as potencialidades da obra e da pesquisa, enveradamos pelo cruzamento de actores com marionetas, actores que também são manipuladores. Ainda no fluxo desta perspectiva ( e não com qualquer intuito de melhor se entender o texto – porque, pelo seu ritmo, ele entende-se como foi originalmente escrito -, mas apenas para potencializar a referida pesquisa), enveredamos pelo colorido das linguagens, que passam pelo português arcaico, o castelhano e o português contemporâneo.

Com Mestre Gil Vicente, se “muita fortuna” passamos em cada montagem, temos aprendido a irreverência, a exigência, o inconformismo e novos caminhos, caminhos de modernidade, para a linguagem dramática.

Com o Mestre igualmente vamos conhecendo o prazer, a vitalidade e o humanismo do Teatro, neste tempo de acelarada desumanização.

João de Mello Alvim

FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA

Encenação e Espaço Cénico: João de Melo Alvim; Intérpretes: Maria João Fontaínhas, Nuno Correia Pinto e Tiago Matias; Adereços e Figurinos: Companhia de Teatro de Sintra; Marionetas: Jorge Cerqueira; Carpinteiro: Marcelo Alves; Desenho de luz: João de Melo Alvim e Nuno Correia Pinto; Sonoplastia: Carlos Arroja; Operador de luz e som: Carlos Arroja e André Rabaça; Imagem Gráfica: Nuno Correia Pinto; Contra-Regra e Apoio Geral: Tiago Matias; Montagem: Carlos Arroja e André Rabaça; Direcção de Produção: João de Melo Alvim; Produtora Executiva: Penélope Melo; Assistente de Produção: Ana Rita Osório